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ato de covardia

li que escrever é um ato de coragem. às vezes é só covardia.  escrever também é fuga.  eu, poeta covarde que sou, escrevo para fugir de mim mesmo. sem poema, não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada. à parte disso tenho todas as escritas do mundo. escondo medos nos ritmos, enterro fantasmas em estrofes e construo resistências em versos que me (re)constroem. as rimas firmes são desenhadas pelas mãos trêmulas.  queria nascer livro, seria mais honesto. sou casca de palavras; sem elas, me emudeço. mas a arte joga sujo comigo e também devolve com covardia. a cada fuga que escrevo, mais sou levado a habitar dentro de mim. a página é o meu abismo que me encara. a poesia é ainda mais covarde que o poeta, pois só é forte diante das nossas fraquezas. escrever é um auto de covardia.

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