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carta de uma poesia pessimista para um poeta niilista

eu sou essa farsa que você conheceu, meu bem a farsa em que você acreditou agora suas expectativas se desmancham no vento, pois você acreditou que as vozes que me recitam ecoariam no concreto da cidade cinza que estas vozes atravessariam pontes e pixariam viadutos acreditou que elas narrariam as poéticas de um morro e transcenderiam os menor e eles seriam abençoados você pensou que seria outra a história contada mas não as coisas nem sempre são como esperamos você acreditou mesmo em mim mas o problema não é você, meu bem o problema está na ânsia por liberdade ela pesa de tão pesada que seus joelhos fraquejaram ao carregá-la precisamos sempre ir a algum lugar mas nunca chegamos porque tudo pesa os joelhos doem e o desejo por algo mais ainda quebrei silenciamentos de séculos atirando-os chão feri pessoas com os cacos se te feri com algum estilhaço perdoe-me não tive escolha não me veja como monstro pois sou apenas cria de uma fera chamada mundo ele me alimentou ensinou-me a falar ensinou-me a odiar porque não existe esse amor em que você tanto acredita porque se ama apenas quem é inferior amar quem é superior é projeção e isso freud também explica amar quem é inferior é dominação e isso o mundo explica ama-se o topo apenas e que nada se destaque nele mais do que nosso eu quando me perguntam se acredito quando me recitam se creio nos poetas se acredito nos artistas se vislumbro alguma mudança depois de versos viralizados eu digo que não e respondo também com um poema isso porque dependo de suas desgraças pra sobreviver sou o alívio da dor sem seu sofrimento não existo eu me alimento de caos isso porque a humanidade aprendeu a amar mais a sua ideologia do que o ideal desejado portanto as guerras continuarão existindo doentes continuarão sem tratamento na somália crianças em guiné-bissau continuarão morrendo enquanto a islândia esbanja prosperidade no paquistão a palavra paz continuará sendo uma incógnita cada vez menos indígenas passarão fome em mato grosso do sul não porque algo será resolvido mas porque cada vez mais o peito deles receberá um projétil de chumbo que explode e ressoa na mãe que chora no irmão mais novo que aprende a odiar no líder militante que também será morto no pai de família desempregado que lê essas notícias e desiste da vida no poeta que ainda tem esperança de algo na senhora que faz sua prece todas as noites desejando um mundo de paz mas elege assassinos pois também foi ensinada a odiar desculpe-me se te fiz acreditar não ponha expectativas em nada no mundo eu sou e estou (n)o mundo [carta de uma poesia pessimista para um poeta niilista]

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