convidam-me a escrever um sublime poema as manhãs que nascem as macieiras que florescem o barco que se despede do cais e os seios quentes que me servem doses de delírio
mas ainda a rima de meu poema é como metal soa ou sino que tine em vão
enquanto preencho o muro branco diante de mim uma rajada de vento derruba as macieiras e o mar furioso tenta engolir o barco
enquanto as nuvens encobrem o voo dos pássaros em meus versos o frio encobre um menino que vende balas no farol
dentro do muro branco o poeta tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta
suporta até a dor que não é sua
ele fala como o menino, sente como o menino, discorre como o menino...
ainda que meu poema fosse escrito na língua dos homens e dos anjos se não tivesse amor a poesia nada seria