eu queria escrever um poema pra todas as vezes que me senti pequeno para me perder nos versos que narram os momentos em que não me achei eu queria musicar o silêncio para dar pausas em meus contratempos para que meus sofrimentos fossem semibreves apenas no nome e não no tempo de compasso e de vida eu queria esculpir minhas certezas que desmoronam em incertezas queria modelar como barro meus medos moldá-los para que fossem apenas do meu tamanho e não ocupassem tanto espaço na estante cansei de encenar sorrisos risquei do roteiro lembranças e o que sobrou? arquibancadas vazias um violino de uma corda só uma folha amassada, com rasuras escrevi nela com as palavras que me faltaram num grito eu queria um quadro cuja moldura encarcerasse as angústias e colorisse a parede cinza que separa meu eu de mim mesmo eu queria fotografar a esperança revelar essa foto e andar com seu retrato na carteira para provar a todos que a esperança existe mas eu não aprendi a focar objetos abstratos eu queria que a arte imitasse a vida não que a vida inventasse o artista inventou-me grande inventou pessoas em arquibancadas que não existem inventou o musicista de um violino sem cordas só não inventou o silêncio dentro do peito a esperança dentro do concerto o final feliz após o devaneio
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