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o último aplauso sangrou aos ouvidos tristes do artista o tilintar de cada palma o eco de cada grito foram um tiro de doze rasgando o tímpano daquele que talvez nunca se ouviu mas ali estava para ser ouvido esse disparo não foi mais alto que o boom que ressoa na mente silenciosa do poeta isso porque há silêncios que ensurdecem e sons que são um vazio ouvir o estrondo e queda das cataratas de iguaçu é sentir silêncios imaginar explosão do big bang o estouro no ventre do universo é sentir luz e silêncio já uma corda colocada silenciosamente no pescoço grita tão alto quanto as bombas lançadas na bósnia em 92 um corpo imerso no mar mudo dentro do ruído das águas grita tão alto quanto porcos pedindo piedade frente ao abate um corpo que se joga do décimo quarto andar grita mais alto que seis minutos e cinquenta e dois segundos de snarky puppy no volume mais alto do fone de ouvido esse artista de ouvidos que sangra é uma big band de um homem só sua partitura foi composta com notas de silêncio não foi permitido a nenhum sax solar numa pausa sozinho no palco cadeiras agora vazias sobram ao jazzman o pedestal uma luz sua voz voz que sangra de volta aqueles que escutam o seu silêncio [a vida é um jazz escrito no improviso]

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