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Textos acadêmicos
Áreas de estudo: Linguagem. Literatura. Educação. Poesia.
[sonhei que uma peste invadia minha casa]
nas últimas semanas antes de dormir uma peste pula o portão bate com mãos pesadas à minha porta espia nas brechas das janelas força...
esse foi o pior ano
sempre tive medo do amanhã
agora tenho medo do agora
não me peça nunca mais um poema
os cinco continentes tremem quando nossos braços e pernas estão em guerra em noites de amor
Convoque seu Marx
tem gente que chama de mito
um louco de mente doente
que defende coronel maldito
com unhas, ustras e dentes
[abandono]
hoje mais um sonho meu foi embora
sem se despedir
pra todas as vezes que me senti pequeno
eu queria escrever um poema
pra todas as vezes que me senti pequeno
para me perder nos versos
que narram os momentos em que não me achei
desejo nossa morte
amar não é aceitar como o outro é, é aceitar o que ele não é
a-Deus
desfiz amizade com os céus
não lembro da última vez que fiz uma prece
fenomenologia da criação
nas ciências poéticas
as coisas não são pra fazer sentido
são pra fazer sentir
nós, juntos
nós, juntos
somos dois acordes
num compasso de jazz
suspensos no improviso
magnetismos
a geografia desse nosso encaixe
fez da gente núcleo da terra:
eu confesso
se liberdade é conquistar asas
então como ser livre após um voo?
quando os astros transam e os deuses jogam dados eróticos
isso porque nossas pernas entrelaçadas
tem mais metafísica
que os poemas de álvaro de campos
sobre pinturas que servem a almoxarifado
eu queria que a gente se completasse
assim como o reflexo do sol
se encontra nas águas de uma pintura de monet
semibreve
todos os dias na janela de Dona Adalgiza
minha casa é peito abandonado
ganhei hoje mais um fracasso
fiz dele decoração em minha estante
vão
amanhã às seis da tarde
jorge vai se jogar da plataforma
na estação sé do metrô
morri tantas vezes
morri tantas vezes nos últimos anos que perdi a conta
diga adeus ao seu amor antes de ele mergulhar a última vez nos mares do fim do mundo
dentro desses dez segundos, ainda deu tempo de molhar os pés nas águas de barra grande e até de transar escondido na lagoa de jijoca.
redenção
caminho. caminho com pés descalços na areia macia. o vento que corta meu corpo nu não me impede de seguir em direção ao mar.
faxina
naquele buraco encontrei
uma conquista esquecida
empoeirada, já sem vida
infância azul
uma criança anda com seu triciclo
numa rua tranquila em hiroshima
o outro
talvez nossas testas teriam se beijado se não fosse o vidro que nos separava.
aniversário
nasci dia trinta e um de janeiro de oitenta e nove. às onze da noite.
reflexos de ferimentos
meu espelho é cemitério. lá morreram minhas certezas. olhar para ele é tão incerto quanto andar em campo minado. explodo dentro de mim.
esgotamento
todos os dias eu morro algumas mortes e enterro-me à noite.
ensaio
hoje é o terceiro dia que ensaio minha morte.
24 de junho
perdi de vista o ninho. quis pousar, mas construí aeroportos nas nuvens.
história de um herói
a ida para escola de uma criança pobre nem sempre foi simples. o transporte: a bicleta. o piloto: meu pai.
Vitoriosa
enquanto a mim, qualquer brisa é o suficiente para poetizar o caos
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