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sobre pinturas que servem a almoxarifado

eu queria que a gente se completasse assim como o reflexo do sol se encontra nas águas de uma pintura de monet eu queria que você sorrisse ao me olhar distraído na mesma inocência de criança que recebe elogio após fazer uma obra de arte numa sulfite que lhe serve de brinquedo eu queria apenas que seus olhos se apaixonassem pelos meus quando me vissem fazendo coisa qualquer como recitar um poema ou fazer bolo de fubá eu queria que você sentisse a saudade que chico cantou pensando em iolanda quando ficasse mais de três dias sem me ver eu queria terminar a história ideal de rubem braga aquela mesma história que chegaria ao fundo de uma aldeia da china aquela que faria sorrir a moça doente da pequena casa cinzenta mas eu sou tão triste quanto a amiga imaginária de rubem braga eu queria que você tivesse intimidade para narrar seus problemas a mim e não que eu fosse o protagonista deles queria ter a voz do anjo de valença e anunciasse paixões em seu ouvido que martin scorsese ficasse com inveja de nosso roteiro que minha presença fosse tão doce quanto assistir as constelações na praia da lagoinha do leste queria mesmo apenas um único motivo para que se orgulhasse apenas um mas não sou belo como as cores de monet antes de tudo sou o touro de picasso a cerveja quente em bukowski a mão que pega a sulfite e amassa os sonhos de criança [sobre pinturas que servem a almoxarifado e não a paredes de um museu]

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